Endurance Brasil: Comissariado da CBA e Pirelli enriqueceram o FIA Girls on Track Brasil Estágio em Motorsports nas 3 Horas do Velopark

Foi vibrante a atmosfera do terceiro FIA Girls on Track Brasil Estágio em Motorsports de 2025, realizado na prova 3 Horas do Velopark da Endurance Brasil, a principal categoria nacional da modalidade, de 19 a 21 de junho, em Nova Santa Rita (RS). Vindas de Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, sete estudantes de engenharia foram recebidas pela coordenação técnica da categoria, por comissários técnicos da CBA, e pelas equipes BTZ Motorsport, Foresti, GForce, Scuderia Chiarelli, Stuttgart e TMG Racing, enquanto duas estudantes de jornalismo fizeram a cobertura do estágio para o Instagram e para a assessoria de imprensa da Comissão Feminina de Automobilismo (CFA) da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), coordenadas pela voluntária Marina Candido.  

“Estamos muito contentes e agradecidas à Glauce Schutz, coordenadora da Endurance Brasil, e às equipes que acolheram nossas estagiárias por nos darem a oportunidade de elas conhecerem como funciona o trabalho das equipes e verem se querem mesmo fazer carreira em automobilismo. Este foi nosso primeiro estágio em uma categoria de endurance, com carros incríveis e muito diferentes das outras categorias em que já estivemos. Foi especial”, diz Bia Figueiredo, presidente da CFA, criada em 2023 por Giovanni Guerra, presidente da CBA e representante do Brasil no FIA Girls on Track.

Na torre de controle – Além do estágio propriamente dito, as participantes também estiveram com Alessandra Menini, comissária desportiva da CBA, e com Charles Willian Gonçalves, da Pirelli. “A Alessandra falou sobre o trabalho dela, como começou, quais os caminhos para seguir nessa área, e sobre outras frentes de trabalho que giram em torno da esfera do comissariado, como sinalização de pista, cronometragem e secretaria de prova”, descreve a engenheira Rachel Loh, coordenadora do Estágio em Motorsports que integra a CFA e o FIA Girls on Track Brasil ao lado de Bia e da especialista em marketing esportivo Bruna Frazão.

“Depois, a Alessandra nos levou por um tour na torre de controle, começando pela secretaria de prova, explicou tudo que acontece ali, mostrou o time de sinalização e o que eles fazem, a sala de cronometragem, e fomos à sala de direção de prova, onde ela apresentou os comissários e mostrou como eles fazem o trabalho durante as corridas”, conta Rachel. Para completar, as estagiárias foram convidadas para assistir à largada e ao começo da corrida junto com a direção de prova, em uma experiência inédita.

No universo dos pneus – A interação das estagiárias com Charles, engenheiro de desenvolvimento de produtos eleito pelo time de motorsport da Pirelli para conversar com elas, também foi enriquecedora. “Ele contou um pouco da trajetória dele. Começou com os projetos estudantis, no Baja (competição universitária da SAE, Society Automotive Engineers). Falou sobre como se iniciou e sobre o trabalho que faz hoje e permite a ele acompanhar diversas categorias. É uma das muitas formas de se envolver profissionalmente com o automobilismo”, relata Rachel.

Bem encaminhadas – Esses dois encontros não estavam previamente programados. “Conversei com o pessoal e eles gentilmente se dispuseram a colaborar conosco. A Alessandra é uma das pouquíssimas comissárias desportivas da CBA, além de ser pilota e mãe. É importante as meninas conhecerem profissionais femininas para terem referências. E a Pirelli tem um programa de estágio muito bacana. É uma marca que apoia muito as mulheres no automobilismo. Nosso estágio também tem o intuito de dar um ponto de partida para o networking das meninas. É muito bom para as estagiárias começar conhecendo profissionais de várias áreas”, ela completa.

Rachel Loh deixou o Velopark tão satisfeita quanto as estagiárias: “Estou muito feliz. A gente conseguiu encaminhar bem as meninas e mostrar o norte para elas. Saíram muito entusiasmadas e algumas encaminhadas para acompanhar as equipes em outras categorias ou em outras etapas.  A Flávia ficou com o Alexandre Gramacho, coordenador técnico da Endurance Brasil, e com o Ari Ferreto e o Eduardo Gre, comissários técnicos da CBA, que trabalharam no mesmo box. Eles gostaram muito da ajuda dela, e ela ficou encantada com o ramo de trabalho que descobriu. E na Scuderia Chiarelli a integração da Mylu com a equipe também foi bem intensa, para ficar só em dois exemplos. Foi um estágio de muito sucesso!”.

O que disseram as estagiárias

Amanda Fontoura Kopp, 20 anos, de Santa Maria (RS), estuda engenharia mecânica na Universidade Federal de Santa Maria, estagiou na  Gforce: “Foi muito bom. Aprendi muita coisa vendo a dinâmica do piloto com o engenheiro, como eles administram o carro em pista, conversando com os mecânicos para entender o funcionamento do carro, como ajustam o setup, como fazem as mudanças que precisa se chover.  Na análise de dados, os engenheiros explicaram as decisões que eles tomam para mexer no carro. Também troquei roda, ajudei a limpar o carro, calibrei pneu. E conheci o Pedro Carmo, que havia visto em palestra da Imersão para Mulheres no Motorport, da FIA GOT BR com a AMattheis Motorsport, e já vinha seguindo nas redes sociais. Perguntei para muita gente como começaram no automobilismo, para ter ideia de como posso conseguir trabalhar como engenheira de pista, com performance ou com análise de dados. Onde surgir a oportunidade, estou indo”.

Eunice Gabriele Gomes da Silva, 20 anos, de Amaraji (PE), reside em Recife, estuda engenharia elétrica na Universidade de Pernambuco, estagiou na BTZ Motorsport: “Eu não tinha ideia de que iria aproveitar tanto esse estágio. É muito bom para ter noção do que é de verdade, ter referências. Se eu tinha alguma dúvida sobre que área escolher, esse estágio esclareceu. A equipe foi muito acolhedora e eu fiquei muito no pé do engenheiro. Ele me mostrou os softwares, como ler os gráficos, eu decorei tudo o que ele faz quando o carro sai, antes de o carro voltar, como preenche as tabelas... Depois eu colei nos mecânicos e eles me deixaram fazer várias coisas. Nossa... Obrigada, meninas! É com automobilismo que eu quero trabalhar”.

Flávia Campello Koch, 27 anos, de Curitiba, formada em engenharia mecânica pela FAE Centro Universitário, estagiou na Comissão Técnica da CBA e na coordenação técnica da Endurance: “Eu já tive algumas experiências no automobilismo, em outras categorias, mas nunca na parte da Comissão Técnica da CBA relacionada ao regulamento das provas. Sou funcionária de uma multinacional, mas sempre quis trabalhar com o automobilismo e ainda persigo esse sonho. Essa experiência com os comissários técnicos mudou minha percepção. Antes eu achava que a vida no automobilismo era só engenheiro de carro, engenheiro de dados, engenheiro de performance... Estagiar com a Comissão Técnica da CBA me fez entender que também existe essa parte no automobilismo, e que precisa de profissionais! Isso me fez brilhar os olhos com uma nova perspectiva”.

Gabriele Araujo Mendes, 21 anos, de Santa Maria (RS), estuda jornalismo Universidade do Federal de Santa Maria, estagiou no time de comunicação da CFA: “Foi bem diferente de todas as experiências que já tive. Escolhi o jornalismo por causa do esporte. Depois que comecei a acompanhar corridas, principalmente Fórmula 1, eu me apaixonei. Tudo o que sempre quis foi poder estar no meio das equipes e no meio dos carros. Gosto muito de fotografia, atuei nessa área no estágio. Foi uma das experiências mais enriquecedoras profissionalmente para mim, por estar lá e por ter comigo outra estagiária, a Thayná, mais experiente, explicando as coisas, contando experiências dela e me dando dicas. Eu pretendo seguir nessa área”.

Livia Esther Silva Oliveira, 20 anos, de Andradina (SP), estuda engenharia mecânica na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, estagiou na TMG Racing: “Foi incrível. Não imaginei que poderia colocar tanto a mão na massa e aprender tanta coisa em tão pouco tempo. Não tinha noção da interação entre engenheiro e mecânico. Vendo toda aquela análise de dados, e observando como os engenheiros estudam aquilo e passam para o mecânico de uma maneira tão limpa, eu vi que estou na profissão certa para mim. Esse estágio me fez reforçar o quanto eu quero ser engenheira mecânica e o quanto quero estar na área do automobilismo. Vou continuar no grupo Fênix Racing de Fórmula  SAE da minha faculdade,  que foi o que abriu minha cabeça para o automobilismo, vou me formar e procurar um estágio”.

Myllena Mendes de Melo, 27 anos, do Rio de Janeiro, estuda engenharia mecânica no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Sucow da Fonseca, em Itaguaí (RJ), estagiou na equipe Foresti, trabalha em uma indústria de pneus, no setor de mistura para pneus on-road e off-road: “Meus olhos brilharam um pouco nessa questão de já estar vivenciando uma coisa, trabalhando com pneus, no caso, e ver a coisa por outro ponto de vista, relacionada a dados e desempenho. Foi gratificante esse estágio. Meus planos são continuar na área, participar da maior parte possível de programas, buscar mais oportunidades do FIA Girls on Track Brasil e tentar uma carreira no automobilismo”.

Mylu Vitória de Sousa Vieira Takafaz, 19 anos, carioca radicada em São Bernardo do Campo (SP), estuda engenharia espacial na Universidade Federal do ABC Paulista, estagiou na Scuderia Chiarelli: “Foi uma experiência como jamais tive, mesmo estando na equipe de Baja Quero Quero da minha faculdade. O que aprendi nunca vou ver lá. É incrível sentir a energia de uma equipe de verdade, ver o pessoal trabalhando. Você aprende tanto com os engenheiros e com os mecânicos! Quero seguir carreira no automobilismo. Gostei muito da análise de dados, mas tenho muito interesse na parte da aerodinâmica. Uma aeronave é um carro de competição de cabeça para baixo, por causa da aerodinâmica. Gosto muito e estudo muito sobre isso também”.

Nataniely Stadler Cavassim, 23 anos, de Ponta Grossa (PR), estuda engenharia mecânica na Universidade Tecnológica do Paraná, estagiou na Stuttgart: “Imergi totalmente na equipe, aprendi muito. É legal ver as estratégias, entender o pensamento do piloto, do engenheiro, trocar ideias com os mecânicos, conseguir acompanhar tudo. A equipe é muito organizada, focada, todos foram muito prestativos e respeitosos, sempre me chamando para ajudar no possível. Foi muito bom estar com eles. Tenho grande expectativa de construir minha carreira no automobilismo. Vou continar buscando muito networking, indicações, para ter a possibilidade de uma carreira no futuro”.

Thayná da Silveira Weissbach, 21 anos, de Porto Alegre, estuda jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, estagiou no time de comunicação da CFA: “Foi muito legal o estágio, porque pude expandir minha área de atuação, atendendo demandas para o Instagram e para a assessoria de imprensa da CFA. Isso mudou as coisas para mim, abriu minha cabeça. Usualmente faço mais produção de conteúdo para redes sociais. Mas gostei muito de trabalhar para a assessoria de imprensa, de atender a demandas. Também gosto de outras áreas, mas essa que eu foquei nesse estágio me pegou mais no gosto”. 

*Colaboraram para esta notícia Marina Candido nas entrevistas e nas fotos; Thayná da Silveira Weissbach nas entrevistas e nas fotos; Gabriele Mendes nas fotos; e os fotógrafos Bruno Terena e Rafa Catelan 

Texto: Estela Craveiro - Assessora de Imprensa da Comissão Feminina de Automobilismo da CBA

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